A jornada

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Ao fazermos uma viagem espiritual podemos entrar em contato com um tesouro interno oculto. E essa riqueza inesperada poderá nos dar um novo sentido para a vida. Esse encontro pode acontecer por acaso e ser não intencional. Ou o desejo de ter essa experiência de amor e júbilo já pode ser a nossa meta antes de nossa partida. 

 

Uma viagem comum para uma cidade que nos fascina ou para ver algo que nos encanta na natureza pode, de repente, revestir-se de significados profundos e tornar-se espiritual. Geralmente essa transformação alquímica acontece durante o caminho. Pode ser que essa mudança interna ocorra quando alguém nos dá um toque fundamental sobre nós que nos desperta para outras compreensões. Ou também quando uma revelação instantânea ou insight nos atinge em cheio. Às vezes, sem ter consciência disso, nós já podemos estar maduros para ter essas vivências, mesmo que elas não tenham sido programadas. Ou pode ser que nós sejamos tão sensíveis e atentos ao que passa ao nosso redor que até uma prosaica viagem de negócios pode se transformar num marco espiritual em nossas vidas.

 

A peregrinação, ao contrário, é intencional, algo que vamos buscar conscientemente e com fervor. Sob essa nova condição que nos leva a um destino sagrado, estaremos meis abertos para tudo o que acontecer, e seremos capazes de enxergar novos significados em eventos comuns ou extraordinários. O peregrinar nos permite uma leitura simbólica da existência e uma interação mais profunda com o que sucede dentro e fora de nós. 

 

O peregrino parte para a viagem com uma pergunta essencial no peito: Quem sou eu? Com mais ou menos consciência, ele busca um outro sentido para sua vida e uma nova razão para viver. Essa questão nasce da sua essência e tem um extraordinário vigor. E isso acontece mesmo se ela não for formulada explicitamente ou se ela estiver apenas como um pano de fundo da alma. É esse questionamento interno que vai martelar a pedra do coração sem cessar durante o caminho. E poderá chegar o momento em que finalmente o coração se abrirá numa torrente de amor muitas vezes acompanhadas de lágrimas, como está descrito no livro O peregrino russo. Essa será a epifania da peregrinação, o grande júbilo. Mesmo rara, ela pode acontecer para qualquer um. Mas o mais provável é que o viajante experimente pequenas epifanias e breves aberturas do chacra cardíaco em determinados momentos. Mesmo assim, a peregrinação vale a pena: essas ocasiões especiais normalmente não acontecem  numa vida ordinária.  

 

A pergunta Quem sou eu? esconde outra questão dentro dela: Quem é Deus? Ao responder quem eu sou na minha dimensão mais elevada, chamada pelos místicos de Eu Sou, serei capaz de responder ao mesmo tempo quem é Deus, pois temos em comum a mesma realidade. “A questão Quem é Deus? é a questão Quem Eu Sou. Ao aprofundar essa pergunta, descubro que não sou apenas meu pequeno eu, com minha razão e meus conhecimentos; não sou apenas o que herdei dos meus pais; o que herdei das gerações anteriores e que me chega por meio deles; não sou apenas uma expressão do inconsciente coletivo; não sou apenas uma expressão da natureza, mas sou também essa dimensão angélica, esta dimensão de luz e de paz…”, escreveu o monge francês Jean-Yves Leloup no livro O Anjo como Mestre Interior. Isto é, sou também quem eu sou num nível mais elevado, ou mais profundo.  “Nesta altura, já não se trata mais do eu sou isto ou aquilo, mas do Eu Sou na sua pureza, um Eu Sou Absoluto. Às vezes durante a meditação (ou durante uma peregrinação) nos aproximamos dessa realidade do Eu Sou que está no fundo do cálice que existe dentro de nós, dessa presença da Vida incriada…”, completa Leloup    

 

Porém, muitas vezes é necessário uma preparação interior para ter esse encontro com o sagrado.

 

Leia mais em A preparação

 

(Ilustração/crédito: http://www.cuded.com/wp-content/uploads/2013/03/autumn_path_by_snowskadi.jpg)


  

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