A viagem espiritual começa sempre com um anseio não definido. Algo que nos deixa desconfortáveis e nervosos sem motivo. O mundo parece que não nos satisfaz mais. Essa sensação diz que o coração quer partir.
É assim, com a descrição detalhada desse incômodo angustiado, que o escritor, cineasta e viajante Phil Cousineau identifica a primeira etapa da viagem espiritual: o anseio. Segundo ele, esse estado arenoso de alma tem a misteriosa capacidade de atrair uma série de coincidências significativas: um folheto que chega pelo correio com o mesmo lugar que o futuro viajante acabou de ver num filme e que ele adorou, alguém que inesperadamente fala com detalhes de uma cidade que ele gostaria muito de conhecer e outras circunstâncias que indicarão uma determinada direção a seguir. Ao tornar-se atento aos sinais, o viajante sente um chamado inequívoco no coração. O peregrino reconhece, assim, que alguma coisa chama a atenção dele para determinado lugar. Ele percebe também que algo inexprimível já abençoa o caminho dele desde a partida.
O navegador e escritor brasileiro Amir Klink, por exemplo, conta que uma estranha série de sincronicidades facilitaram a partida para sua travessia solitária dentro do pequeno barco Paraty II pelo Oceano Atlântico. Klink revela que o mapa detalhado e raro da pequena baia da costa africana de onde ele devia partir para vir ao Brasil foi encontrado impresso na cúpula de um abajur, um presente de aniversário que ele ganhou pouco tempo antes da viagem…
O chamado é a segunda das diferentes fases da jornada espiritual, de acordo com a obra de Phil, A Arte da Peregrinação, uma leitura de cabeceira para quem deseja seguir pelas trilhas do espírito. O chamado acontece quando finalmente o viajante toma consciência para onde deve ir e começa a se preparar para esse grande acontecimento: recolhe todo o material informativo que consegue pela internet sobre o destino para onde ele vai viajar, compra guias, consulta sites especializados como o Red Lotus Spiritual Travels. Ele retoma as práticas de meditação e oração com mais intensidade e corre pelo parque para condicionar o corpo. O futuro viajante também irá ler textos de mestres espirituais, ver filmes sobre santos, conversar com outros peregrinos.
Dessa maneira, ele ajunta pequenas gotas de luz que podem orientar o caminho dele como lanternas na escuridão. Um novo mundo se inicia para o peregrino até ele chegar ao dia da partida, a terceira etapa da viagem e o início do caminho.
Mas o que será pode acontecer depois que o viajante toma coragem e decide colocar o pé na estrada?
Leia mais em A peregrinação
(Ilustração/crédito: http://www.brainpickings.org/index.php/2011/11/21/best-childrens-books-2011/)
